Corona: estão mesmo confundindo a bebida com o vírus?
“Sorte do dia: ainda não batizaram um vírus assustador com o nome da sua marca.”
Vi a frase no Instagram da Bits to brands (aliás, sigam!) e comecei a refletir sobre isso.
Uma pesquisa da agência de relações públicas 5WPR, revelou que 38% dos americanos disseram não comprar mais cerveja Corona sob nenhuma circunstância por causa do Coronavírus*. Um total de 16% disse que estava “confuso se a cerveja Corona é relacionada ao coronavírus".
*epidemia que começou na China e tem causado doenças respiratórias. Já deixou mais de 2.900 mortos e mais de 85.400 infectados e mais de 5.000 infectados no exterior.
Outras perguntas também foram feitas na pesquisa para o público da marca de cerveja, como: "você pediria uma Corona em um restaurante / bar / local público? 14% que “geralmente bebem Corona” disseram que não.
O motivo? A infeliz coincidência do nome da doença ser o mesma da bebida. Fato que chegou até mesmo mudar o comportamento de consumidores, mesmo uma coisa não tendo nada a ver com a outra.
A explicação disso acontecer — até mesmo de forma tão inconsciente, é devido ao chamado: princípio da associação.
No livro, "As armas da persuasão", Robert Cialdini cita o quanto uma associação inocente, seja de coisas boas ou ruins, pode influenciar o sentimento e até mesmo comportamento do ser humano em relação a pessoas e marcas — mesmo quando NÃO há lógica.
Isso é comum de acontecer em nosso dia a dia por exemplo, quando um amigo próximo fala sobre um problema ou situação ruim que teve em relação a um produto ou serviço de uma marca. Ficamos com aquela ideia na cabeça e mesmo sem conhecermos aquilo, produzimos uma certa impressão antipática sobre a marca.
Logo, os respondentes que estão 'contra' a bebida podem até acreditar erroneamente que a cerveja os deixaria doentes, mas também, pode ser devido a outras justificativas — como, “o nome me lembra algo desagradável em que prefiro não pensar” ou “se eu pedir uma bebida, isso pode levar a uma piadinha sobre a epidemia e não quero que isso aconteça".
Mas… o gatilho da associação pode também gerar um efeito positivo em alguns casos. Como o case das Barras de chocolate Mars apresentado por Jonah Berger no livro ‘Contágio: porquê as coisas pegam’:
Lá nos meados de 1997, a companhia de doces Mars notou um pequeno aumento inesperado nas vendas de seu chocolate. A companhia ficou surpresa, porque não havia mudado o marketing em nada. Não estava gastando mais dinheiro em anúncios, não havia alterado o preço e não havia lançado nenhuma promoção especial. Todavia, as vendas tinham aumentado.
O que havia acontecido? A NASA.
Mais especificamente, a missão Pathfinder planejada para coletar amostras da atmosfera, o clima e solo de um planeta vizinho. Todos os veículos de notícias apresentaram a ação que tinha como destino?
Marte.
As barras Mars têm esse nome em função do fundador da companhia, Franklin Mars, não do planeta. Mas a atenção da mídia dada ao planeta agiu como um gatilho que lembrou as pessoas do doce e aumentou as vendas.
Voltando a confusão com a Corona, os estímulos no ambiente em volta de nós também podem determinar quais pensamentos e ideias ficam na nossa cabeça. Sejam as notícias da empresa, a conversa com conhecidos e amigos e claro, os memes e as fake news que também ajudam nisso.
O impacto para a marca foi a redução das vendas, que atingiu US$ 285 milhões desde o início da expansão do vírus. A AB InBev calcula que o impacto negativo chegue a 10% no trimestre, segundo site.
Ainda que sabemos que diante tamanha epidemia, a maior crise, não é a da marca, não é mesmo?
Indico a leitura do texto da Rosângela Florckzac: "Estamos prontos para a crise do Coronavírus?".
Gostou? Entre no meu Canal do Telegram Marketing Digital e outras casualidades para ver mais:
https://t.me/tutinicolarp