"Salte e a rede vai aparecer"

Lições do livro O caminho do Artista sobre bloqueios e criatividade

@tutinicola
5 min readApr 30, 2019

Você já sofreu algum tipo de bloqueio no trabalho ou atividade que estava desempenhando? já deixou de realizar coisas por medo ou perfeccionismo? já sofreu com a síndrome do impostor? Se você, que está lendo isso, é um ser humano e não uma máquina, acredito que sim. Todo mundo já passou por algum momento assim na vida, alguns mais do que outros.

Eu estou passando nesse exato momento, enquanto escrevo esse texto e resolvi, portanto, compartilhar algumas lições e trechos do livro "O caminho do Artista" que tem como propósito ajudar os leitores a entrar em contato com o poder de sua criatividade interior e quebrar objeções sobre os comportamentos autodestrutivos que nos levam a alguns impedimentos. Como eu, no fim, não publicar esse texto aqui.

Segundo a autora do livro, Julia Cameron, é sempre o medo — frequentemente disfarçado, mas sempre ali — que nos leva a procurar um bloqueio. O medo de não ser bom o bastante. O medo de não terminar. O medo de fracasso e de sucesso. O medo de sequer começar.

A partir de inseguranças, de pessoas tóxicas, do ceticismo, da vergonha, de críticas, do perfeccionismo, da inveja, de certos riscos — e por aí vai — viramos as costas para nós mesmos.

"Como água sem ter para onde escoar, ficamos estagnados”. Julia Cameron

Em geral, quando dizemos que não podemos fazer algo, o que queremos dizer é que não iremos fazer aquilo a menos que tenhamos a garantia de que haverá perfeição total. Só que ela não existe.

É impossível melhorar e ser perfeito ao mesmo tempo

Segunda Cameron, somos vítimas de nosso perfeccionista interior, um crítico maldoso e eterno, o Censor, que reside no (lado esquerdo do) cérebro e mantém uma corrente constante de comentários subversivos que costumam ser confundidos com a verdade.

Isso porque nosso cérebro tende a ser categórico. O desconhecido é percebido como errado e possivelmente perigoso. Ele gosta que as coisas sejam como soldadinhos que marcham enfileirados. O cérebro lógico é o que geralmente escutamos, sobretudo quando dizemos a nós mesmos que devemos ser sensatos.

De acordo com Cameron, em vez de curtir o processo, quando perfeccionistas, ficamos constantemente avaliando a qualidade dos resultados. Para o perfeccionista, não há rascunhos ou esboços. Cada versão deve ser final, perfeita, definitiva. Ele nunca está satisfeito, nunca diz: “Isso está muito bom, vou continuar por aí.”

E é aí que entra um mantra que devemos levar para a nossa vida:

“Uma pintura nunca está acabada. Ela simplesmente para em lugares interessantes” Paul Gardner.

(…)"Um livro nunca está terminado. Mas, em determinado momento, o autor para de escrevê-lo e segue com outros projetos. Um filme nunca está perfeitamente editado, mas chega a hora de parar e deixá-lo como está. Essa é uma parte normal da criatividade — deixar como está. A grande sacada é fazermos sempre o melhor possível à luz do que temos naquele momento".

"Negamos o fato de que, a fim de fazer algo bom, é preciso estar disposto a fazer mal. Em vez disso, optamos por estabelecer nossos limites para o ponto em que temos certeza do sucesso. Vivendo dentro desses limites, podemos nos sentir sufocados, desesperados, entediados. Mas nos sentimos seguros. E essa ilusão é muito cara".

Portanto, para ultrapassar as barreiras é preciso, segundo a autora, estar disposto a ser um artista ruim.

“Dê a si mesmo permissão para ser um iniciante. Ao se permitir ser ruim, você passa a ter a chance de ser um artista e, talvez, com o tempo, se tornar muito bom”. Julia Cameron

Salte e a rede vai aparecer

Não é à toa que dizem “Cuidado com aquilo que deseja, pois pode acabar virando realidade”. Qualquer coisa que você pense que pode fazer ou acredite que pode fazer, comece a fazê-la, pois a ação tem mágica.

Para Julia, ter nossas preces atendidas dá medo. Isso implica responsabilidade. Você pediu. Agora que recebeu, o que vai fazer? No fim, não podemos escapar do medo. Podemos somente transformá-lo num companheiro em nossas incríveis aventuras.

Corra um risco por dia — grande ou pequeno — que irá fazê-lo sentir-se ótimo uma vez que consiga realizá-lo. SUSAN JEFFERS

O bom e velho: saia da sua zona de conforto

“Então faça isso. Se você ganhar, ganhou, e, se perder, também ganhou. É sempre assim quando assumimos riscos. Nós nos sentimos mais vivos ao expandir nossa autodefinição, e é exatamente o que o risco faz!"

Para a autora, a chave para a resiliência profissional é saber que você tem poder e escolha. A longo prazo, ser artista/profissional/ser humano, requer mais entusiasmo que disciplina. E o entusiasmo não é um estado emocional. É um compromisso.

Confie naquela voz baixinha que diz: “Talvez isso funcione, vou tentar.” DIANE MARIECHILD

Em geral, os riscos imaginados são nossa justificativa para procrastinar e não dar o próximo passo. É o nosso vício em sentir ansiedade em vez de agir. Assim que você entende isso, não tem mais desculpa.

Simplesmente dê o próximo pequeno passo, diariamente. Como diz Julia, preencha sua fôrma. Preencher a fôrma significa que devemos trabalhar com o que temos em vez de morrer aos poucos reclamando daquilo que não temos. ❤

Cameron, Julia. O caminho do artista: Desperte seu potencial criativo e rompa seus bloqueios. Sextante. Edição do Kindle.

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Written by @tutinicola

Relações Públicas de formação, marketeira e Copywriter. Vivo da minha arte (de escrever) na praia.

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