Vamos conversar sobre a campanha do chocolate Snickers
A campanha de marketing “você não é você quando está com fome” dos chocolates Snickers já está no ar há alguns anos com o objetivo de popularizar a marca. Segundo a empresa, que utiliza um tom de voz descontraído, ela procura apresentar uma verdade universal: “todos nós nos comportamos de um jeito diferente quando estamos com fome”. A ideia é evidenciar o quanto as pessoas mudam quando estão famintas.
Segundo a marca, seu público é jovem e antenado e, portanto, a marca procura materializar o conceito global de forma divertida. Até aí ok.
Proposta vs Execução
O primeiro comercial brasileiro da campanha, tinha Betty Faria, o segundo, Claudia Raia. Nos vídeos, as mulheres (de vestido longo), interpretam um homem com fome e utiliza-se do sexo feminino como uma forma de demonstrar que a pessoa pode dar um “chilique” quando está faminto. Após comer o chocolate, a personagem então, volta a ser o rapaz que era antes, ou seja, reproduz a ideia de que a figura feminina é associada a comportamentos indesejáveis e a do homem de retomada de consciência.
Na época (2015), a campanha recebeu críticas visto que muitos acharam a propaganda depreciativa às mulheres, a marca disse que não teve a intenção de ofender e o CONAR (Conselho Nacional de Auto regulação Publicitária) arquivou o processo e o anúncio continuou a ser veiculado dessa forma:
2017…
Nessa semana, a marca alterou as embalagens dos seus produtos pela primeira vez, “alinhadas” com a campanha. Uma foto viralizou no Facebook:
Na página oficial da marca, a capa e publicações divulgam as novas embalagens:
A marca se defendeu sobre a foto em que apareciam embalagens com palavras apenas no gênero feminino, alegando a logística da chegada dos produtos nos pontos de venda (pra ver a importância de um contexto de campanha!). Segundo o portal Meio & Mensagem: “para garantir a igualdade de gêneros, foram utilizados 16 sintomas diferentes com versões masculinas e femininas”. Mesmo assim, a campanha gerou comentários tanto em desacordo com a criação, quanto em apoio:
O que quero trazer a tona é que a finalidade de uma propaganda é possuir uma ideologia própria para a propagação de princípios, ideias, teorias, com objetivo religioso, político ou cívico e o que vemos nesse caso, além da questão de gênero e dos estereótipos propagados, é uma marca compartilhando dizeres "ofensivos" seja a quem for. Já imaginou presentear alguém com um chocolate que diz "lesada", "nervosinha" ou "teimoso"?
Para Kotler, “Proporcionar significado é a futura proposição de valor do marketing”. Então, quanto vale o buzz desse posicionamento que busca ser “engraçado” e que propaga ofensas, tanto para a marca, quanto para o mundo que vivemos?
Cada vez mais, o marketing carrega essa missão: construir não apenas marcas, mas também um mundo melhor e transmitir isso ao mercado. Aquela empresa que pensar só nela e no lucro certamente morrerá ou terá sua reputação prejudicada.
É só olhar os comentários dos posts e a repercussão na internet pra ver as bads vibes e a disseminação de ódio e agressões que a campanha causou entre as pessoas. Nas conversas, indivíduos utilizam dos próprios termos das embalagens para ofender o próximo. Qual o limite do humor? Acredito que nada que incentive intolerância é positivo para a sociedade.
Snickers: -ódio e + amor, por favor!
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